Revista TH Novembro - Dezembro - 2019
12 • A Revista Oficial da Terapia Holística A revelação de cada uma das “facetas do cristal acontece à revelia do nosso Ego e independente de qualquer estímulo externo. O inconsciente tem seu próprio ritmo e ordem na revelação de suas facetas. A ordem dos Arquétipos quanto às suas manifestações (constelações…), segue um plano maior (destino…), com uma seqüência de conexões de significados, cunhando tanto imagens típicas quanto acontecimentos em nossas vidas, que são percebidas como relacionadas sem o sentido de “causa e efeito”, sendo identificadas por quem as vivencia emocionalmente como significativas. A estas situações, nominamos Sincronicidade . Quando novos conteúdos inconscientes querem emergir na consciência, surgem acontecimentos “externos” em nossas vidas, por exemplo, um livro dizendo exatamente o que precisávamos compreender, ou encontramos com pessoas que agem como catalisadoras, trazendo à tona tudo o que estava por se manifestar em nós e em nossas vidas. Essas “coincidências significativas” (sincronicidades…) correspondem exatamente aos conteúdos inconscientes constelados, tornando-os conscientes. O Self é que determina qual lado do “cristal” irá se apresentar ao Ego, seguindo uma ordem maior dotada de intencionalidade e finalidade próprias. Jamais opera ao acaso, regulando os acontecimentos da vida e pela desejo no ser humano de se tornar aquilo que realmente é, em todo seu potencial. Ele se revela através de “sinais”, intuição, de imagens, de sonhos, de acontecimentos que se desdobram sem relação direta (causa e efeito…), mas que são percebidos como em “coincidências significativas”, necessárias, ou ainda, DESTINO … Tal qual as Moiras, o Self é o fator ordenador dos acontecimentos da vida. O esforço consciente do Ego em compreender a intencionalidade do Self é o que Jung chamou de Individuação , que é o empenho consciente na realização do próprio Destino. O Ego consciente tem sua origem no Self, mesmo quando desconhece o fato; ambos são os protagonistas do drama da individuação, do longo e árduo caminho da nossa própria vida em direção à totalidade. Individuar-se é tomar-se o ser único que se é, é realizar seu destino, é a grande jornada do Ego, ou a Odisséia do Ego , no universo das imagens arquetípicas, na busca da realização consciente do Self. Porquanto o processo seja único, segundo cada indivíduo, há um elemento comum em todos os processos, ou seja, o confronto e diferenciação do Ego de determinados arquétipos: a Sombra, a Anima e o Anirnus, o Velho Sábio, a Grande Mãe e a Criança. A essência da individuação consiste no “conhece-te a ti mesmo” , o que requer uma tremenda coragem e humildade do Ego, pois, dessa jornada, muitos não voltam. Mas, se retornam, voltam modificados, enriquecidos e carregados de experiência e compreensão dos sofrimentos da alma humana e, por isso, plenos de uma profunda compaixão pelo seu semelhante.
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