A Revista Oficial da Terapia Holística • 31
Com ênfase, a jornada que
somente aquela alma (aquele indivíduo)
pode realizar, considerando-se todas as
particularidades de sua personalidade
– da totalidade de sua configuração
psíquica.
Não se deve confundir individuação
com individualismo.
A individuação está a serviço da
alma, por vezes se distanciando dos
valores coletivos, porém sem ignorá-los.
O individualismo, por sua vez, tem
ambição egoica e/ou de poder e repele
os valores grupais e coletivos, via de
regra.
Muitas vezes, o indivíduo que
adere de “bom grado” à sua individuação
passa a incorporar o servir ao coletivo
como forma de devolver à vida o que ela
lhe trouxe nessa caminhada.
Quando me refiro a aderir de
“bom grado”, quero dizer que estar mais
disponível para o processo pode ampliar
a capacidade de apreensão do porvir que
reveste a vida.
Pois ela (a vida) acontece e
acontecerá sem ou com a concordância
do sujeito. O que muda é a forma como
é acolhida a diversidade do que ocorre
na jornada – principalmente das noites
escuras que invadem o dia e contrariam
a lógica e o desejo do Ego.
Destaco três requisitos essenciais
que marcam o processo de individuação,
aderido voluntariamente ou não.
De forma alguma pretendo afirmar
que são os únicos ou colocá-los em
níveis de priorização.
Não são criações ou passo a passo
(receita de bolo), somente frutos de
observações, discussões, leituras e muita
reflexão sobre essa temática.
Essas
pré-condições
são
transgressão; sacrifício; e redenção.
A transgressão é necessária para
romper com algumas verdades absolutas
que são respiradas desde o nascimento
(ou antes), com regras que perpetuam
um caminhar automatizado pela vida
(sem reflexão).
Podem ser coletivas, cumpridas
para atender a uma adaptação externa
mais serena, em princípio...
Ou individuais, que buscam
satisfazer demandas subjetivas, muitas
vezes internas, inconscientes, oriundas
de complexos que insistem em confundir
o dito “livre arbítrio”.
A submissão a essas regras é
tão passiva que o próprio refletir sobre
pode ser o início do movimento de
transgressão.
Esses axiomas, externos ou
internos, colocam o sujeito em uma
zona de conforto – seja ela boa ou não:
Muitos de nós preferimos uma dor
conhecida a uma desconhecida!
Esse pensar que, invariavelmente,
atrai a angústia é uma reflexão da alma,
não só da razão.
A transgressão, para fins do
processo de individuação, somente será
efetiva se em conformidade com a alma,
legitimada pela alma.
Não pode ser apenas um capricho
egocêntrico.
Muitas vezes, a transgressão
regida pela alma pode representar, na
vida cotidiana, um rompimento com uma
crença religiosa, ou um reposicionamento
moral, político ou social, ou com um jeito
de vestir (simples assim).